CAOS
Sua luz brilha. A minha apaga.
O caos em mim deságua na tua serenidade.
Batidas aceleradas nesse silêncio ensurdecedor.
Díada batalha para resistir e existir.
Minha morte está viva.
Acabou.
Deus, eu que clamei tanto por ti em tua casa…
Onde estais agora?
Aqui, nesse lugar que tudo oprime, que tudo reprime?
Me salva, Senhor!
Perdoa, Senhor!
Acabou.
No quarto do horror e da dor, me parto. Te parto. Me reparto.
Tudo se esvai na correnteza rosada que de mim escoa.
Eu, ela, o Senhor.
Acabou.
Sua luz paga. A minha lampeja.
Fresta latente para o sonhar.
Brisa azul que me conduz à liberdade.
De onde vem essa paz, se esse quarto é a sala da tristeza?
De onde vem essa força, se ao redor tudo me despedaça?
Acabou.
Tenho você.
Perdi você.
Morremos para viver.
Trago comigo apenas o pedaço de um coração partido.
Acabou.
Em meu ventre viveu a coragem.
Em meu peito, hoje, a serenidade.
Caos é sempre no plural.
Vinte primaveras para querer te saber.
Agora que sei quem sou, quem você seria?
Acabou.

Descrição da imagem: Mulher branca, com vestido azul esvoaçante, cabelos azuis que voam pela janela, junto com as nuvens, para o céu azul.
Ela está sentada segurando no colo um bebê todo na cor branca. O bebê possui uma corrente presa no pé, ligada a um coração.
O local são destroços de um quarto, e ao fundo existe uma favela com diversos elementos, além de uma igreja pegando fogo. Está noite.